"O que a gente espera é que aconteça o melhor, que não
tenha arma nuclear no Irã, que não tenha arma nuclear
nenhum país do mundo. Que Estados Unidos desativem
as suas, e a Rússia desative as suas. Porque autoridade
moral para gente pedir pros outros não terem é a gente
também não ter"
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Soberana
do Brasil
Lula foi feliz em sua colocação sobre os países que não abrem
mão de suas bombas, deixando Ângela Merkel na saia justa
Com a mesma autoridade de quem vem criticando o presidente Luiz Inácio desde o seu fatídico encontro com o ex-presidente George Walker Bush, em 12 de novembro de 2002, sirvo-me da presente para festejar com todas as letras e com todo o orgulho de brasileiro a colocação definitiva e irretocável desse mesmo Lula sobre a histeria que o Ocidente fabrica, ao gosto da indústria armamentista, com a utilização manipulada das notícias sobre o programa nuclear iraniano।
Em sua fala, ao lado de Ângela Merkel, chefa do governo da Alemanha, contestando a falácia hipócrita de quem nunca disse uma única palavra contra o arsenal atômico de Israel, Lula me surpreendeu por uma lucidez cristalina, ao pronunciar aquela frase, pondo dona Ângela Merkel na saia justa.
E foi mais explícito, deixando os governantes dos países dominadores do Ocidente numa verdadeira sinuca de bico: "O melhor e mais barato é acreditarmos nas negociações e termos muita paciência. Eu penso que tratar o Irã como se fosse um país insignificante, aumentado a cada dia a pressão, poderá não resultar em uma coisa boa. Precisamos aumentar o grau de paciência para aumentar o grau de conversação com o Irã."
No dia 23 de novembro, ao receber no Brasil o presidente do Irã, uma semana depois de fazer a mesma sala para o presidente de Israel, o presidente da República foi igualmente feliz, declarando: "Reconhecemos o direito do Irã de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos e com respeito aos acordos internacionais e esse é o caminho que o Brasil vem trilhando. Não proliferação e desarmamento nuclear devem andar juntos. O Brasil sonha com um Oriente Médio livre de armas nucleares, como ocorre na América Latina".
Lula lembrou em seu pronunciamento ao lado do presidente Mahmoud Ahmadinejad:
"O Brasil tem um modelo de desenvolvimento de energia nuclear reconhecido pela ONU e pela agência que cuida da questão nuclear e conhecemos a polêmica pelo mesmo desenvolvimento no Irã. O que nós temos defendido há muito tempo é que o Irã possa produzir urânio para desenvolvimento de energia tanto quanto o Brasil tem feito".
Ele pagou um preço alto pela coragem de receber aqui o chefe de um Estado demonizado pela artilharia midiática do Ocidente por ser o maior empecilho ao expansionismo sionista, tal como preconizado por Theodor Herzl, um judeu austríaco assimilado, autor do livro "Der Judenstaat" (O Estado Judeu), cristalizado no I Congresso Sionista, realizado em Basiléia, Suíça, em 1897.
(O projeto sionista, concebido de olho na da descoberta de petróleo na Arábia Saudita em 1882, prevê um Estado racial judeu do Nilo ao Eufrates e da margem direita do Nilo ao Mar Vermelho e a margem esquerda do Eufrates, a maior parte do Iraque e a totalidade da Jordânia e da Síria, sem falar, naturalmente, da Palestina, conforme relata Hussein Triki, no livro "Eis aqui Palestina").
Por que não te calaste, Serra?
Nessa visita, mais do que os protestos de meia dúzia da quinta coluna sionista no Brasil, a manifestação mais deprimente foi um artigo assinado pelo governador de São Paulo, José Serra, a quem estou conclamando a ver o filme CAMINHO PARA GUATÂNAMO, do diretor Michael Winterbottom, baseado em fatos reais, que relata o sofrimento de três britânicos de origem afegã, incluindo as torturas em Guantánamo. Eles foram tomados como talibãs e libertados 30 meses depois sem qualquer acusação formal.
Em sua diatribe, na qual abandona a condição de governador do maior Estado brasileiro para se transformar num porta-voz da colônia israelita, Serra se diz desconfortável por "recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo".
Proclamando-se comprometido com os direitos humanos, alude a torturas nas prisões do Irã e ao seu passado de luta contra a ditadura brasileira. Essa peroração serve apenas para demonstrar sua falta de visão política, querendo agradar os donos do mundo contra um ato de soberania do governo brasileiro, o que mostra que quem tem oposição como a sua não precisa ter aliados.
Se ele se considera tão zeloso com os direitos humanos, por que nunca disse uma única palavra contra as torturas na base de Guantánamo, de que se envergonham os próprios norte-americanos? Que palavra o governador José Serra pronunciou contra os massacres praticados pelos invasores norte-americanos na prisão de Abu Ghraib? E o que disse sobre 15 fotografias de torturas no Afeganistão e Iraque, divulgadas pela cadeia de tv australiana SBS, em 16 de maio passado, tão chocantes que o presidente Barack Obama não queria ver reveladas?
Com a lucidez de um chefe de Estado
Não há momento mais propício e ato de maior honestidade de que reconhecer a coragem soberana do presidente Luiz Inácio no trato de assuntos delicados de nossa política externa, como esse bode expiatório do Irã। Quisera eu que, finalmente, o chefe do Estado brasileiro afirmasse a soberania do Brasil inclusive em sua política econômica, infelizmente atrelada ao projeto neoliberal multinacional.
Em política externa, não pode haver manipulações facciosas. Isso ficou claro desde o tempo de Jânio Quadros e teve bons momentos quando o general Geisel peitou os norte-americanos que queriam nos impedir de desenvolver o programa nuclear para fins pacíficos, condicionando o nada a opor a que aceitássemos as sucatas da multinacional Westinghouse.
Painel esclarecedor sobre soberania popular.
Com meus aplausos, repasso a todos os leitores, moradores do Rio, convite do Instituto dos Advogados do Brasil para um painel da maior atualidade - a experiência venezuelano que permite interromper o mandato de um governante, como foi tentado em referendo realizado em 2004, quando a oposição reuniu às assinaturas necessárias para saber se o presidente Hugo Chávez deveria continuar ou não no poder.
O painel internacional sobre a Soberania Popular, que será realizado no Instituto dos Advogados Brasileiro, na Avenida Marechal Câmara, 210, 5º andar, Rio de Janeiro, RJ, no dia 9 de dezembro de 2009, das 9h30 às 12h30, quando, então, serão expostos os seguintes temas:
1) Revogação de mandato de dirigentes políticos na Venezuela (expositor: professor de direito constitucional venezuelano, Edwin Roberto Sambrano Vidal);
2) A justiça popular em Cuba (expositor: professor de direito constitucional cubano, José Manuel Garcia Villanueva);
3) O Plebiscito, o referendo e a iniciativa popular no Brasil (expositor: professor Ricardo Cesar Pereira Lira, ex-presidente do IAB e UERJ).
A iniciativa do presidente da Comissão Permanente de Direito Constitucional do IAB, Jorge Rubem Folena de Oliveira, poderá ser uma nova luz sobre os desvios de conduta de nossos governantes, que nunca são submetidos a julgamento popular no meio do mandato, ou se são, dependem dos seus cúmplices no poder legislativo, devidamente comprados, como acontece agora no Distrito Federal.
Eu estarei lá e espero que você não perca essa oportunidade de conhecer os fundamentos jurídicos do julgamento popular de um mandato, ainda no seu transcorrer.
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Esta coluna é publicada também na edição impressa do jornal
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