sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

MAIS VIDA COM MELHOR SABOR













(Edson Nogueira Paim escreveu)

Vacina contra zika vírus está a anos de distância, diz pesquisador dos EUA

A busca por uma vacina para prevenir o zika vírus pode levar anos, afirmou nesta quinta-feira (28) uma autoridade sanitária dos Estados Unidos em meio a um surto preocupante da doença transmitida por um mosquito e responsabilizada por problemas congênitos.

Não há vacina ou tratamento para o zika, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse estar se "espalhando de maneira explosiva" pelo continente americano e pode levar a mais de quatro milhões de casos na região. 

O zika pode causar microcefalia - cabeças e cérebros anormalmente pequenos - em bebês nascidos de mulheres infectadas.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), disse que o governo dos Estados Unidos está trabalhando em duas abordagens em direção a uma vacina contra o zika, com base em pesquisas já feitas sobre vírus transmitidos por mosquitos.

A primeira é uma "vacina baseada em DNA usando uma estratégia muito semelhante à que foi empregada para outro flavivírus, o vírus do Nilo Ocidental", explicou Fauci. Os flavivírus são geralmente transmitidos por mosquitos ou carrapatos.

"Em segundo lugar, uma vacina viva atenuada, com base em abordagens semelhantes e altamente imunogênicas utilizadas para o vírus da dengue", acrescentou.

As esperanças são altas de que o chamado ensaio clínico de Fase I possa começar no final deste ano para testar a segurança e a eficácia de uma vacina contra o zika em pessoas - mas Fauci alertou que o produto final vai demorar muito mais tempo para ficar pronto. 

"Embora essas abordagens sejam promissoras, é importante compreender que não teremos uma vacina contra o zika amplamente disponível, segura e eficaz este ano e, provavelmente, nem mesmo nos próximos anos", disse.

Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos alertaram as mulheres que estão grávidas ou querem engravidar para evitar viajar para áreas da América Latina e do Caribe que estão enfrentando focos do vírus.

Embora o zika vírus tenha sido documentado pela primeira vez em 1947, causou apenas pequenos surtos esporádicos e de doença até recentemente. Pouco se sabe sobre ele.

"Por favor, levem isso a sério", alertou Anne Schuchat, vice-diretora dos CDC. 

"É muito importante entender que nós ainda não sabemos o quanto queríamos saber sobre isso, e enquanto nós estamos aprendendo, é prudente considerar o adiamento de viagens". 

Algumas companhias aéreas estão oferecendo reembolso para as gestantes com passagens para qualquer um dos 22 países e territórios com surtos da doença. 

O Brasil experimentou seu primeiro foco de Zika no ano passado e tem visto o número de casos de microcefalia subir, de 163 por ano, em média, a mais de 3.718 casos suspeitos, de acordo com o ministério da Saúde.

Um total de 31 casos de zika foram documentados nos Estados Unidos desde o ano passado - todas as pessoas infectadas enquanto estavam fora do país  disse Schuchat.

No futuro, "é possível, até provável, que vejamos focos limitados do zika nos Estados Unidos", disse Schuchat, em particular nas regiões do sul da Flórida e Texas.

Fauci disse que os Estados Unidos normalmente gastam 97 milhões de dólares por ano em vírus que são transmitidos por mosquitos e carrapatos, e vão investir uma parte dessa verba para financiar novas pesquisas sobre o zika em uma série de áreas, incluindo testes de diagnóstico, vacinas, pesquisa básica e controle de vetores.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

'Não tenho muito tempo para engravidar': o dilema das mulheres que adiam fertilização por medo da zika

"Eu não tenho muito mais tempo para ser mãe", repete diversas vezes a arquiteta pernambucana Ana Paula Coutinho, de 47 anos, enquanto tenta explicar a frustração de ter que adiar novamente sua gravidez.
Ela é uma das muitas mulheres que, nos últimos meses, tomaram a difícil decisão de interromper seus processos de fertilização in vitro porque temem pegar o zika vírus durante a gestação e ter bebês com microcefalia.
"Venho tentando engravidar há sete anos e deveria ter implantado os embriões fertilizados em janeiro. Mas por causa desse surto ficamos com muito receio. E aí conversamos e decidimos manter os embriões congelados e ver o que vai acontecer em relação à zika", disse à BBC Brasil.
Recentemente, pesquisadores comprovaram que o vírus pode ser transmitido da mãe para o bebê durante a gravidez, o que fortalece a ideia de que ele seja responsável pelo aumento no número de casos da má-formação – 270 casos foram confirmados e 3.448 continuam sob investigação, segundo o Ministério da Saúde.
"Nós dois ficamos assustados com tudo o que passou na televisão sobre a zika. Aí conversamos e decidimos aguardar uns três meses para ver se surge alguma novidade. Não podemos esperar mais do que isso. As mulheres mais novas tem possibilidade maior de serem mães, mas eu já estou no limite", afirma Ana Paula.
Além de cara, a fertilização in vitro exige bastante das mulheres fisicamente. Elas precisam tomar medicações para estimular a produção de óvulos, que depois são extraídos, fertilizados com o sêmen do parceiro e implantados em seu útero. Caso a gravidez não vá adiante, o casal precisa começar o processo novamente.
"É um processo custoso, mas o pior é o emocional. Todas as vezes em que você tenta, nasce uma esperança. E quando não acontece você se frustra. No meio das tentativas eu tive uma gravidez espontânea, que infelizmente não conseguiu evoluir. Eu estou há pelo menos dois anos preparando o endométrio (tecido que reveste o útero) para receber outro embrião."
"Agora que estava tudo bem, que o endométrio estava perfeito, isso acontece. Pensei: 'Meu Deus, como é complicado'", diz a arquiteta.

Brincar com o azar

Especialistas em fertilidade de Recife, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo relataram à BBC Brasil um aumento de até 10% no número de pacientes que decidiram adiar a implantação de embriões, por causa da epidemia de microcefalia, desde outubro. E eles esperam uma alta maior.
"Ainda não há dados oficiais em relação a isso, mas é o que eu e colegas do Rio e de outros Estados percebemos. Na nossa clínica, cerca de cinco a sete pacientes por mês resolvem adiar a gravidez", disse à BBC Brasil Paulo Gallo, diretor do Vida - Centro de Fertilidade da Rede D'Or, no Rio de Janeiro.
As clínicas não têm tido prejuízo, já que os ciclos de fertilização em andamento – que chegam a custar de R$ 20 a R$ 25 mil – continuarão sendo pagos pelos pacientes, um gasto que aumenta quando o casal decide manter seus embriões congelados por meses.
Mesmo assim, Gallo diz que é difícil para os médicos saber como orientar os pacientes na atual situação. "Não posso dizer pra adiarem a gravidez por seis meses, porque não posso dizer que até lá teremos vacina e teremos acabado com o mosquito."
"As pacientes jovens, que podem se dar o luxo de esperar, a gente orienta a aguardar por tempo indeterminado, até termos uma noção melhor do que pode acontecer. Mas às mulheres que estão mais próximas dos 40 anos, não tenho como dizer para ela esperar sem que eu possa garantir algum conforto", afirma.
"A maioria delas decidiu esperar até março, abril ou até o inverno. Mas vemos que está só piorando. No Rio de Janeiro você tem dengue o ano inteiro."
Até o momento, diferentemente de outros governos de países latino-americanos afetados pela zika, o Ministério da Saúde brasileiro evita dizer às mulheres que não engravidem e pede que elas conversem com seus médicos sobre os riscos da infecção antes de decidir pela gestação. Uma vez grávidas, devem tentar se proteger das picadas do Aedes aegypti, que pode transmitir a doença.
Mas para mulheres como C.G., de 42 anos, uma das pacientes de Paulo Gallo, as orientações do ministério não são suficientes.
"Cada hora eles descobrem alguma coisa. É quase uma lavagem cerebral com tantas informações. Fui ficando apavorada e resolvi adiar a gravidez", disse à BBC Brasil.
C.G., que pediu para não ser identificada, congelou óvulos três anos atrás e faria sua primeira fertilização em janeiro.
"Já casei, não deu certo e também não pensava antes em ter filhos. Aí começou a bater o relógio biológico, mas não tenho companheiro. Antes eu tinha medo de fazer uma produção independente e agora tomei mais coragem, tenho apoio da família. Mas, justamente quando resolvo, aparece esse problema da zika."
"É tudo muito caro e eu fiz uma poupança pra isso desde que congelei. Já até paguei a doação de sêmen. Estou chateada, ter que adiar mais uma vez o meu sonho mexeu muito com a minha cabeça. Mas eu acho que ia ficar pior se ficasse grávida e tivesse um problema desse", afirma.
"A gente quer um filho e pede a Deus que seja saudável, mas ninguém quer brincar com o azar. Falei com o doutor que ia esperar até o inverno. Quero saber se o governo vai tomar alguma providência."
Nesta semana, o governo anunciou que uma força-tarefa de 220 mil soldados do Exército se juntará a agentes de saúde em todo o país no dia 13 de fevereiro para visitar casas em campanha pelo combate ao mosquito.
O Ministério da Saúde também diz que distribuirá repelente gratuitamente a 400 mil mulheres grávidas e a presidente Dilma Rousseff, no Equador, propôs uma ação conjunta dos países latino-americanos contra a epidemia de zika.

'Poupança'

Em Recife, a médica Altina Castelo Branco diz que suas pacientes mais ansiosas também estão evitando engravidar desde outubro, mas mantêm seus embriões congelados para ter uma espécie de "poupança".
"Geralmente são mulheres de mais de 35 anos, que estão tentando há algum tempo. Elas sabem que, se demoram mais, os ovários podem dar menos óvulos e elas terão menos chance de ter embriões bons. O congelamento não afeta os embriões e dá uma segurança, mas também não é garantia de uma gravidez", disse à BBC Brasil.
"Vemos o que elas passam, e o medo que dá é que não vemos uma solução em curto prazo para essa ansiedade."
Mas enquanto alguns casais, ainda que ansiosos por um bebê, optaram por suspender os planos, outros decidiram assumir o risco.
A funcionária pública pernambucana Norma Guimarães, de 34 anos, e seu marido fizeram a fertilização pela primeira vez em outubro do ano passado, quando o aumento no número de casos de microcefalia já era assunto em todo o país.
"O Brasil convive com o Aedes aegypti há décadas e até hoje não conseguiu erradicar o mosquito e nem sequer produzir uma vacina contra nenhum dos quatro tipos de dengue hoje existentes. Quando fariam algo para conter a chikungunya ou a zika, que são doenças mais recentes? Infelizmente teremos que conviver com esse mosquito e essas doenças por muito tempo ainda", disse.
"No começo, tivemos o susto, bateu a insegurança e o medo, mas decidimos continuar. Estou grávida de 15 semanas de uma menina que se chamará Helena."
Para se prevenir contra o vírus, Norma usa repelente religiosamente, evita locais onde poderia haver focos do mosquito, como piscinas, e optou pelas calças e camisas de manga comprida durante o dia.
"A gente está feliz com a realização desse sonho, mas também ficamos apreensivos porque temos que tomar precauções. Estou tentando encontrar um equilíbrio entre ouvir tantas notícias ruins, me prevenir e curtir esse momento tão esperado."
"Nem toda mulher pega zika, e mesmo que peguem, nem todas terão filhos com microcefalia. Por isso, mesmo com medo decidimos seguir em frente. Não nos arrependemos em nenhum momento", afirma.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Casos de dengue no Rio sobem quase 100% em uma semana

Os casos de dengue no Rio de Janeiro subiram quase 100% em apenas uma semana. De acordo com a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde durante as quatro semanas epidemiológicas de 2016 (de 1º a 25 de janeiro de 2016), foram notificados 3.954 casos suspeitos de dengue no estado do Rio, sem nenhum óbito. Até a semana passada, tinham sido registrados 2.002 casos da doença, registrando aumento de 97,5% de sete dias para cá.

No mesmo período de 2015, foram registrados 2.584 casos suspeitos de dengue no estado. No ano inteiro de 2015, foram 69.516 casos suspeitos, com 23 óbitos.
O vírus da dengue é transmitido pelo mesmo mosquito que transmite a zika e a chikungunya. A Secretaria de Estado de Saúde do Rio lançou a campanha 10 Minutos Salvam Vidas para incentivar a população a tirar 10 minutos por semana para eliminar os possíveis focos do mosquito em suas casas.
Medidas simples como armazenar lixo em sacos plásticos fechados, manter a caixa d’água  vedada e recolher recipientes que possam ser reservatórios de água parada, como garrafas, galões, baldes e pneus; encher com areia os pratinhos dos vasos de plantas são algumas ações de eliminação do vírus transmissor da doença.
Outro cuidado é a proteção individual de gestantes, com o uso de repelentes, de roupas que previnam o contato com o mosquito e de evitar exposição durante a manhã e final da tarde, períodos em que o Aedes aegypti costuma atacar as vítimas.


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Cientistas usam macaco transgênico para melhorar tratamento do autismo

Cientistas na China conseguiram modificar genes de macacos pela primeira vez para poder estudar o comportamento autista em humanos e a transmissão para seus descendentes, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (25) pela revista "Nature".
Um dos principais desafios na pesquisa dos diferentes espectros de autismo está na falta de modelos animais que possam reproduzir fielmente os sintomas desta condição detectados em pacientes humanos.
Embora nos últimos anos tenham sido alcançados grandes avanços neste campo em experimentos com roedores, não houve até agora modelos de primatas não-humanos, os quais refletem com mais precisão doenças neuronais complexas.
Primatas com sintomas de autismo
Os cientistas da Academia Chinesa de Ciências, com o especialista Zilong Qiu à frente, conseguiram desenvolver um modelo de primatas afetado pela síndrome de duplicação do gene MeCP2, um gene epigenético que controla a atividade de muitos outros genes.
Esta desordem se apresenta na infância e compartilha alguns dos sintomas principais com alguns espectros do autismo, explicaram os autores do estudo.
Neste sentido, estudaram oito macacos-caranguejeiros (Macaca fascicularis), modificados geneticamente a partir de lentivírus que apresentavam uma superexpressão no cérebro do gene MeCP2, associado ao autismo.
As funções cognitivas destes primatas transgênicos, afirmaram os cientistas, eram relativamente normais, mas foram observadas várias mudanças em seu comportamento.
Entre outros, detectaram nos oito sujeitos um aumento das condutas motoras repetitivas e dos comportamentos relacionados com a ansiedade, ao mesmo tempo em que diminuiu a interação social entre eles.
Descendentes também afetados
Além disso, demonstraram a existência de uma transmissão do gene aos descendentes de um dos macacos macho, os quais também apresentaram uma deterioração em suas interações sociais quando foram pesquisados como casais.
Os especialistas da Academia Chinesa de Ciências de Pequim puderam assim determinar que tanto os primatas como sua descendência chegaram a apresentar mudanças em seu comportamento, o que demonstra que é possível experimentar com primatas não-humanos modificados geneticamente para estudar desordens do desenvolvimento neuronal.
Segundo destacam os autores, este trabalho poderia contribuir ao desenvolvimento de estratégias terapêuticas para tratar os sintomas de algum dos espectros do autismo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Secretaria de Saúde lança campanha para reforçar prevenção à Aids e DSTs

Para sensibilizar a população sobre a importância da prevenção da Aids e das Doenças Sexualmente transmissíveis (DSTs) durante o Carnaval, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) lança a campanha “Aids: não dá pra adivinhar quem tem. Neste Carnaval, a melhor atitude é usar camisinha sempre”.

A campanha será trabalhada com ações de mídia para rádio, internet, rodoviária, aeroporto e outdoors no interior. Ela também será feita nas redes sociais da SES-MG, incluindo a criação de um site (www.saude.mg.gov.br/saudenocarnaval), com informações e dicas para curtir a folia de forma saudável.

Segundo a coordenadora do programa de DSTs/Aids e Hepatites Virais da SES-MG, Jordana Costa Lima, a melhor opção é usar o preservativo sempre. “O principal objetivo da campanha é dizer para a população que não dá para identificar quem tem o vírus e quem não tem. Por isso, a melhor saída é usar camisinha sempre. Não vale a pena correr o risco por uma atitude impensada e ter que conviver com o HIV para o resto da vida”, afirma.

Em 2015, 3.055 pessoas foram diagnosticadas com HIV e/ou Aids em Minas Gerais. Já em 2014, foram diagnosticados 3.415 novos casos. A faixa etária com maior número de diagnósticos é a de 20 a 34 anos de idade, com 1.481 novos casos em 2015 e 1.542 novos casos em 2014.

Mesmo que a doença tenha tratamento, ainda não existe cura para a Aids. Para a prevenção, a camisinha é o método mais eficaz, protegendo também contra outras Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Distinção

Atualmente, não há mais distinção entre pessoas que fazem parte de um grupo de risco para contaminação pelo HIV e outro grupo que tem menos chances de ser contaminado. O que existe é a classificação de um comportamento de risco, praticado por qualquer pessoa que tenha relação sexual sem o uso de preservativos, compartilhe seringas e agulhas, ou reutilize objetos perfurantes ou cortantes com a presença de sangue ou fluídos contaminados pelo HIV.

O diagnóstico de infecção por HIV pode ser feito nas Unidades Básicas de Saúde, por meio de um exame de sangue convencional. Também é possível detectar o vírus através dos testes rápidos disponíveis nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), presentes em 62 municípios de Minas Gerais.

Os testes são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser feitos de forma anônima. Acesse a lista com a relação dos centros de aconselhamento e testagem (CTA) de Belo Horizonte e Região Metropolitana e Interior de Minas Gerais.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Zika: epidemia se espalha e já são 30 os países com registros da doença

A Organização Mundial da Saúde  (OMS), confirmou na última sexta-feira (22) que o vírus zika já se espalhou por 20 países das Américas e por 10 nações da África, Ásia e Pacífico.
A OMS ressalta que os maiores surtos ocorrem no Brasil e na Colômbia. Já foram registrados 3,8 mil casos de microcefalia no Brasil, com 49 mortes. Mas em Genebra, o porta-voz da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) foi claro: "a ligação entre zika e o aumento extremo dos casos de microcefalia no país ainda está sendo investigada".


Microcefalia


Segundo Christian Lindmeier, a doença pode ter várias origens, como uso de drogas, de tóxicos e até mesmo a síndrome de Down. Mas ele reconheceu "que o zika é provavelmente a razão mais forte para o aumento nos casos de microcefalia".
As equipes da OMS também avaliam a relação entre o surto de zika na Polinésia Francesa entre 2013 e 2014 e números de ataques no sistema nervoso central de vários pacientes.
A agência lembra que o zika é transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, febre amarela e chikungunya. A OMS informa que a melhor medida de prevenção à picada é utilizar calças e camisas de manga comprida, repelente de inseto e dormir sob um mosquiteiro.


Restrição de Viagem


Até o momento, não foi emitida nenhuma restrição de viagem a países afetados pelo zika. O conselho da OMS às grávidas é para sempre consultarem seus médicos.
O porta-voz da agência também declarou que "muito sobre o zika ainda é desconhecido, já que os sintomas são moderados e o tratamento é fácil". Mas Christian Lindmeir foi claro: "se for provada a relação com a microcefalia, a história muda totalmente".
A OMS planeja para a próxima semana um encontro entre um especialista em zika e os jornalistas em Genebra.



sábado, 23 de janeiro de 2016

Substâncias que causam câncer e necrose são misturadas ao crack



Estudo para detectar substâncias nocivas à saúde misturadas ao crack mostra que 92% das amostras da droga recolhidas na capital paulista sofreram algum tipo de adulteração. Esse índice é mais alto que o de outros países, como os Estados Unidos (53,6%) e a Holanda (40,6%). Além dos danos causados pela droga em si, esses adulterantes podem levar ao câncer, à necrose, insuficiência renal crônica e ao comprometimento do sistema cardiovascular.

O crack é uma forma de apresentação da cocaína, que é usada em pedra e tem com principal malefício o desenvolvimento de problemas neurológicos nos usuários. Segundo os pesquisadores, dificilmente, a droga é vendida em sua forma pura. A proporção de componentes químicos usados na diluição, no entanto, varia conforme a intenção do traficante de obter maior lucro.

“A cocaína consumida em São Paulo apresenta grande presença dessas substâncias, gerando efeitos colaterais e complicações ao organismo dos dependentes, já comprometido pelo uso de drogas”, disse o presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Ronaldo Laranjeira, um dos coordenadores do estudo.

A pesquisa foi realizada no ano passado pela associação em parceria com o Centro de Referência para Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) da Secretaria de Estado da Saúde. Participaram do estudo 98 usuários da Cracolândia, região do centro de São Paulo conhecida por concentrar dependentes de crack. Eles responderam a uma entrevista e tiveram amostras do fio de cabelo coletadas para análise.

Substâncias tóxicas

O adulterante mais encontrado no estudo foi a lidocaína (92%), um anestésico que pode provocar erupção cutânea, urticária ou reação alérgica. Também foram identificados nas amostras a fenacetina (69%), um analgésico e antiinflamatório usado para prolongar o efeito da cocaína, que pode levar à insuficiência renal crônica, e o levamisol (31%), vermífugo indicado no tratamento contra parasitas, que é misturado à cocaína para potencializar seus efeitos no sistema nervoso central. O uso indiscriminado causa câncer e necrose na pele, sendo que frequentemente atinge a face.

Outras substâncias encontradas foram o anti-histamínico hidroxizina (2%), que pode causar crises convulsivas, e o anestésico benzocaína (19%), que provoca inflamações e sensibilidade anormal à dor. O também anestésico procaína (5%) gera excitação, depressão, tremores e convulsões crônicas, além de prejudicar o funcionamento do sistema cardiovascular.

Diretora de Enfermagem da unidade Recomeço Helvétia, de reabilitação de usuários, e uma das coordenadoras da pesquisa, Hannelore Speierl diz que, no atendimento direto a esses usuários, o efeito dos elementos tóxicos no corpo pode existir, mas existe grande dificuldade no diagnóstico.

“Muitas vezes, não se sabe se ele [paciente] tem, por exemplo, uma infecção por problemas de má vascularização local causada pelo levamisol, ou se é porque ele não está bem nutrido e não tem imunidade para superar essa infecção pela própria defesa do corpo”, explica Hannelore.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

As doenças raras que deixaram de ser um mistério graças a projeto que desvenda genomas



Georgia Walburn-Green é um mistério para os médicos britânicos desde que nasceu, há quatro anos.

Ela tem lesões nos olhos e nos rins além de problemas de fala, mas os médicos não conseguiam explicar qual seria a causa de todos estes problemas.Mas graças ao Projeto 100 mil Genomas, do governo britânico, foi possível identificar a misteriosa doença que afetava Georgia - era causada por uma anomalia específica em um gene.Os pais de Georgia, Amanda e Matt Walburn-Green, afirmam que o dia em que finalmente receberam um diagnóstico foi o mais importante de suas vidas.

Os dois contaram à BBC que, quando a criança nasceu, tiveram apenas 20 minutos para "abraçá-la sem preocupações" antes que seu mundo "se transformasse de totalmente feliz para totalmente terrível".Inicialmente os médicos pensaram que Georgia tinha água no cérebro, por causa do tamanho de sua cabeça.Os médicos liberaram a criança provisoriamente, mas sabiam que algo não estava certo e não conseguiam identificar o que era.Este foi o começo de mais de quatro anos de incertezas para a família.

"Foi muito difícil. Aceitei que ela estava doente. Você vai ao hospital e, ainda que possa ser horrível, sabe o que está passando e enfrenta. Nós não sabíamos se ela ia andar ou falar ou se teria uma expectativa de vida normal", disse Amanda.

"Foi uma montanha-russa não saber o que vai acontecer depois, pois você está nesta jornada ao desconhecido e lentamente vai encontrando os problemas."

Outro filho

Os pais de Georgia afirmam que ela é uma criança feliz de quatro anos de idade, sociável, que ama os animais e que tem o dom de "conquistar as pessoas".Mas ela não cresceu tão rápido como as outras crianças, tinha nódulos nos olhos que afetavam sua visão e seus rins não funcionam de forma adequada.

"E não sabemos se ela será capaz de falar. Ela nos entende e tenta desesperadamente (se comunicar), mas não consegue fazer os sons que quer", acrescentou a mãe de Georgia.

Os médicos suspeitavam que os problemas de Georgia eram causados por erros em seu DNA.Por isso, Amanda e Matt Walburn-Green não queriam arriscar e ter outro filho que poderia nascer com o mesmo problema.

Projeto

O Projeto 100 mil Genomas - criado pelo governo da Grã-Bretanha - visa entender a genética do câncer e de doenças raras como a que afeta Georgia.Os cientistas do Hospital Infantil Great Ormond Street realizaram o trabalho colossal de identificar a diferença entre todos os três bilhões de pares de bases do DNA de cada membro da família Walburn-Green - Georgia, Amanda e Matt -, para descobrir o que havia de errado.Pouco antes do Natal os médicos disseram à família que tinham identificado uma anomalia em um gene chamado de KDM5b. Apesar de esta descoberta não mudar o tratamento de Georgia, ela oferece esperanças da criação de uma terapia no futuro. E também significa uma outra boa notícia para a família Walburn-Green: a mutação de Georgia apareceu de forma espontânea, não foi herdada dos pais e, por isso, eles poderão ter outro filho.

Novos tratamentos

Outras crianças estão se beneficiando do Projeto 100 mil Genomas, como é o caso de Jessica. Como Georgia, Jessica foi submetida a vários exames, mas ninguém descobria qual era o problema da menina - que, entre outras sintomas, sofria de ataques epiléticos. Ao analisar o DNA de Jessica e de seus pais, os médicos descobriram um erro, que causava a Síndrome de Deficiência de GLUT1. A menina não consegue transportar açúcar para as células cerebrais, o que as deixa sem energia. Uma dieta rica em gorduras deve dar ao cérebro de Jessica uma fonte alternativa de energia diminuindo a necessidade dos medicamentos para epilepsia.

"É realmente emocionante ver os resultados aparecendo e a diferença que podem fazer para estas famílias", disse a professora Lyn Chitty, que lidera o projeto no Hospital Great Ormond Street.

"Isto aumenta a confiança no projeto e mostra que a aplicação do sequenciamento de genoma pode cumprir com a promessa de mudar a forma de diagnosticar e tratar de pacientes no futuro", acrescentou.

E o projeto não se restringe apenas a crianças. Em fevereiro de 2015, foram diagnosticados os primeiros adultos também.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Número de cidades no Brasil com epidemia de dengue aumenta 322%

Em um novo avanço da dengue no país, 135 cidades brasileiras terminaram 2015 com epidemia da doença, e enfrentam um cenário que costuma ser esperado apenas para os meses de abril e maio.
Os dados são de levantamento feito pelo Ministério da Saúde, a pedido da Folha, e considera as cidades que, apenas em dezembro -mês com informações mais recentes disponíveis- tinham "alta" proporção de casos.

Isso significa que esses municípios tinham mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes, patamar utilizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para definir o quadro de epidemia.

No mesmo período de 2014, apenas 32 municípios estavam nesse mesmo cenário –um aumento de 322%.

Dessas 135 cidades que começaram este ano enfrentando quadro epidêmico, 60 estão na região Sudeste, 32 no Centro-Oeste, 29 no Nordeste, oito no Sul e seis no Norte.

Por Estado, são 32 municípios em Minas Gerais, 14 em Mato Grosso do Sul e Pernambuco, 13 em São Paulo, 11 em Mato Grosso, dez no Espírito Santo e Paraíba, oito no Paraná, sete em Goiás, cinco no Tocantins e no Rio de Janeiro, dois em Alagoas e um nos Estados de Sergipe, Roraima, Rio Grande do Norte e Bahia.

O Sudeste concentra quase metade dos municípios com maior incidência de dengue neste último mês, ou 60 ao todo. Em seguida vêm o Centro-Oeste, com 32, e Nordeste, com 29.



ESTADOS

Após registrar auge em abril, a doença, que até então vinha tendo redução de novos casos, voltou a ganhar impulso nos últimos três meses.

Nesse período, 21 Estados tiveram aumento de casos de dengue, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.

Antes, esse período era considerado "de calmaria", diz Gilsa Rodrigues, gerente de Vigilância em Saúde do Espírito Santo. Em dezembro, o Estado registrou o maior número de casos de dengue de 2015. "Começamos a observar um aumento estranho para o Estado", afirma.

O aumento coincide com o período em que o Estado confirmou casos de zika. "Muitos casos podem estar na conta de dengue e serem de vírus zika", diz.

O diretor de vigilância de doenças transmissíveis no Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, confirmou nesta quarta-feira (20) um aumento de casos de dengue.

"De fato já temos a informação de que está aumentando em alguns lugares. A preocupação grande é que a queda no segundo semestre [de 2015] não foi tão radical e importante como costumava ser anos atrás. O que significa que já se parte de um patamar um pouco mais alto."

O país registrou recorde nos casos de dengue em 2015, quando 40% dos municípios do país registraram mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes.

Segundo ele, a pasta pretende orientar os municípios com maior incidência de dengue para o risco de infecções pelo vírus zika e a ocorrência de microcefalia em bebês.