sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Vacina contra zika vírus está a anos de distância, diz pesquisador dos EUA

A busca por uma vacina para prevenir o zika vírus pode levar anos, afirmou nesta quinta-feira (28) uma autoridade sanitária dos Estados Unidos em meio a um surto preocupante da doença transmitida por um mosquito e responsabilizada por problemas congênitos.

Não há vacina ou tratamento para o zika, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse estar se "espalhando de maneira explosiva" pelo continente americano e pode levar a mais de quatro milhões de casos na região. 

O zika pode causar microcefalia - cabeças e cérebros anormalmente pequenos - em bebês nascidos de mulheres infectadas.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), disse que o governo dos Estados Unidos está trabalhando em duas abordagens em direção a uma vacina contra o zika, com base em pesquisas já feitas sobre vírus transmitidos por mosquitos.

A primeira é uma "vacina baseada em DNA usando uma estratégia muito semelhante à que foi empregada para outro flavivírus, o vírus do Nilo Ocidental", explicou Fauci. Os flavivírus são geralmente transmitidos por mosquitos ou carrapatos.

"Em segundo lugar, uma vacina viva atenuada, com base em abordagens semelhantes e altamente imunogênicas utilizadas para o vírus da dengue", acrescentou.

As esperanças são altas de que o chamado ensaio clínico de Fase I possa começar no final deste ano para testar a segurança e a eficácia de uma vacina contra o zika em pessoas - mas Fauci alertou que o produto final vai demorar muito mais tempo para ficar pronto. 

"Embora essas abordagens sejam promissoras, é importante compreender que não teremos uma vacina contra o zika amplamente disponível, segura e eficaz este ano e, provavelmente, nem mesmo nos próximos anos", disse.

Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos alertaram as mulheres que estão grávidas ou querem engravidar para evitar viajar para áreas da América Latina e do Caribe que estão enfrentando focos do vírus.

Embora o zika vírus tenha sido documentado pela primeira vez em 1947, causou apenas pequenos surtos esporádicos e de doença até recentemente. Pouco se sabe sobre ele.

"Por favor, levem isso a sério", alertou Anne Schuchat, vice-diretora dos CDC. 

"É muito importante entender que nós ainda não sabemos o quanto queríamos saber sobre isso, e enquanto nós estamos aprendendo, é prudente considerar o adiamento de viagens". 

Algumas companhias aéreas estão oferecendo reembolso para as gestantes com passagens para qualquer um dos 22 países e territórios com surtos da doença. 

O Brasil experimentou seu primeiro foco de Zika no ano passado e tem visto o número de casos de microcefalia subir, de 163 por ano, em média, a mais de 3.718 casos suspeitos, de acordo com o ministério da Saúde.

Um total de 31 casos de zika foram documentados nos Estados Unidos desde o ano passado - todas as pessoas infectadas enquanto estavam fora do país  disse Schuchat.

No futuro, "é possível, até provável, que vejamos focos limitados do zika nos Estados Unidos", disse Schuchat, em particular nas regiões do sul da Flórida e Texas.

Fauci disse que os Estados Unidos normalmente gastam 97 milhões de dólares por ano em vírus que são transmitidos por mosquitos e carrapatos, e vão investir uma parte dessa verba para financiar novas pesquisas sobre o zika em uma série de áreas, incluindo testes de diagnóstico, vacinas, pesquisa básica e controle de vetores.

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